A Saga Crepúsculo: Lua Nova

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FUROR ADOLESCENTE EM MAIS UM FILME REPRIMIDO
Ainda conservador e abusando dos clichês, este segundo longa da série levanta a questão: tão casta, a heroína Bella não estaria afim de um menage a trois com vampiro e lobisomem?
Por André Azenha, colaboração para a Revista O Grito!, de São Paulo

A SAGA CREPÚSCULO: LUA NOVA
Chris Weitz
[EUA, 2009]

Vamos ser sinceros. Por mais que a crítica especializada venha descendo a lenha em Lua Nova, continuação do mega-sucesso Crepúsculo, ambos baseados em livros da autora mórmon Stephenie Meyer, o sucesso do filme está garantido.

Se no primeiro o êxito de bilheteria veio do boca a boca adolescente, para este segundo os produtores tiveram mais tempo para preparar o terreno: desenvolveram grande campanha de marketing, levaram os astros a vários países para darem entrevistas e contaram com a produção e comercialização de inúmeros produtos oriundos da franquia.

O resultado: a melhor abertura cinematográfica de todos os tempos com US$ 72,7 milhões num único dia (incluindo exibições à meia noite e pré-vendas), desbancando Batman – O Cavaleiro das Trevas, que havia conseguido US$ 67,2 milhões no seu primeiro dia de exibição em 2008 – se levarmos em consideração o final de semana de estréia dos dois filmes, entretanto, Lua Nova fica em segundo lugar, tendo alcançado US$ 140,7 milhões, enquanto Batman faturou mais de US$ 158 milhões.

Pra quê todo esse papo de bilheteria? Simplesmente porque o público, mais do que nunca em casos de franquias estabelecidas como essa ou “Harry Potter”, pouco se importa se o filme é ruim. Trata-se de um veículo para fãs e nada mais. Não vai angariar novos admiradores.Ou até consiga, mas as irmãs mais novas das que sonham em serem disputadas por dois caras sarados e fortões, como no caso de Bella (Kristen Stewart).

No longa anterior a mocinha precisou escapar de um vampiro do mal (sim, precisamos destacar os dois lados da moeda, já que a família de vampiros que protagoniza a saga é do bem, ou “vegetariana” como dizem, não mordem seres humanos) e não definiu seu relacionamento com Edward Cullen (Robert Pattinson), o vampiro bonzinho. Além disso, despertou o coração de Jacob (Taylor Lautner), que agora passa pelo processo de transformação para virar um lobisomem.

A trama tem início quando a família de Edward realiza uma festa pelo aniversário de Bella, que ao abrir um presente, corta a mão. O sangue leva um dos membros da família Cullen ir pra cima da moça, que é salva por Edward. O incidente faz o Edward temer pela vida da amada, e por isso, sumir do mapa, deixando-a em estado de depressão. Com o tempo, Bella aproxima-se de Jacob e descobre a verdadeira natureza do amigo.

Apesar de contar com diretor diferente de Crepúsculo, Chris Weitz, que tem experiência em cinema fantástico (realizou o fraco A Bússola de Ouro), Lua Nova repete alguns problemas da produção de 2008 e ainda faz o espectador se sentir um imbecil, principalmente numa cena em que a câmera dá voltas em Kristen Stewart, quando essa lê dentro do quarto. O diretor aproveita para mostrar a evolução do tempo por meio das mudanças de estação pela janela. Tal cena seria interessante, se o diretor não colocasse letreiros para indicar a passagem dos meses.

O trio protagonista formado por Pattinson, Stewart e Lautner é mediano. O primeiro é apático, fator evidenciado pela construção de seu personagem bunda mole e egoísta, que promete desaparecer e fazer Bella nuna mais lembrar dele, mas volta e meia faz aparições para controlar as decisões da menina (chato é pouco); a segunda, apesar de bonita, mantém a mesma expressão o tempo todo, nem parece atuar; e o último tomou tanto anabolizante para o novo filme que já tem gente comparando-o de forma pejorativa ao Hulk, ainda mais pelo rosto um tanto deformado após ingerir tanta bomba. Salvam-se apenas as presenças rápidas de Michael Sheen, que já atuou numa franquia sobre vampiros e lobisomens (Anjos da Noite), e Dakota Fanning, que surge em cena mais bonita que o habitual, mas pouco tem a fazer como uma vampirinha que faz outros da mesma espécie sentirem muita dor.

A maquiagem continua falha, ao ponto de ser possível perceber, nos vampiros, a divisória no pescoço dos atores entre brancura e a pele natural. Enquanto isso, o roteiro se perde entre a tentativa de criar o conflito entre os dois amores de Bella e inserir um novo perigo no final, com os vampiros malvados da Itália. E mal utilizam a personagem Victoria, cuja vingança pelo namorado morto no primeiro filme deve ficar para os próximos longas da série.

Ao menos os efeitos especiais deram uma melhorada e há mais ação, inclusive com boas doses de adrenalina, quando Bella tenta impedir Edward de se revelar ao público. É essa sequência que impede Lua Nova de ser um filme ruim. Aos 40 do segundo tempo.

Mesmo com todos os defeitos, o longa tem tudo para agradar meninas. E ainda que mantenha um subtexto casto, que defende a virgindade, nos deixa a impressão que Bella está a fim mesmo é de um ménage a tròis com vampiro e lobisomem. Será que a donzela realmente é tão indecisa o quanto parece?

NOTA: 5,0

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André Azenha é jornalista e editor do blog CineZen Cultural